13/12 ~ Rita Benneditto
Em Tecnomacumba
Artista celebra a força e o tempo de seu bem-sucedido Tecnomacumba, que completou 15 anos em 2018 com lançamento de single e de clipe inéditos, além da chegada às plataformas dos álbuns relacionados ao projeto. A festa continua no Teatro Rival no dia 13 de dezembro de 2019
O ano de 2003 representa um marco na vida de Rita Benneditto. Na ocasião, a cantora maranhense, cujo timbre é um dos mais expressivos da nossa música, estreava um show no qual jogava luz sobre aspectos da nossa ancestralidade – e que muito dizem da nossa identidade enquanto Cultura e Nação. O show era o Tecnomacumba e o nome não poderia ser mais apropriado. No repertório, pontos e rezas ligados às religiões de matrizes africanas mesclados a temas da MPB, de autores como Gilberto Gil e Jorge Ben Jor, em que entidades-símbolos da nossa fé são louvados/evocados. Tudo isso apresentado com arranjos modernos, em roupagem eletrônica, que saía então dos clubes e ganhava de vez as pistas mundo afora. Por uma coisa (ou muitas delas) a artista não esperava: 1) que o projeto renderia frutos (são três os registros, um de estúdio e dois ao vivo, sendo um deles o DVD); 2) que iria longe (foi visto até em Dakar, no Senegal) e, 3) os prêmios em reconhecimento (o show ganhou o Prêmio Teatro Rival e a cantora, o da Música Brasileira). Mais ainda: Rita não esperava que o show tivesse vida própria (se consolidando como manifesto de resistência cultural) e seguisse em paralelo à sua própria carreira. E essa vida própria completou 15 anos em 2018, celebrando a força e o tempo de Tecnomacumba. O show será apresentado no dia 13 de dezembro de 2019 no Teatro Rival, no Rio de Janeiro.
Com o show, Rita provou que o elo que une nossa música à eletrônica tem como alicerce o bater do tambor. Dos tambores, melhor dizendo, cujos ecos reverberam para além dos terreiros, passando pelas patuscadas e rodas de samba (de roda) que animam os Fundos de Quintal (em maiúsculas e com trocadilho) de aqui, no Recôncavo ou nos rincões do Brasil. Acontece que um show é também um organismo vivo. E pulsa. Ao longo desses 15 anos, não se manteve estático, fiel a um roteiro previamente elaborado e, portanto, imutável. Não em se tratando de Rita Benneditto. O show amadureceu – assim como sua intérprete – e possibilitou a ela experimentar, ousar e, por que não?, reinventar-se.
E as transformações são em muitos aspectos. O mais nítido deles talvez seja o repertório, que foi dando lugar a temas e canções como “De mina” (Josias Sobrinho), “Mamãe Oxum (Domínio Público) e, a mais recente delas, “7Marias”, composição da própria Rita em parceria com Felipe Pinaud. A canção tem agora clipe próprio, no ar desde setembro de 2018 com mais de 500 mil visualizações. Esse é, aliás, um dos motivos que Rita festeja. O outro atende a um antigo pleito dos fãs: o de disponibilizar nas plataformas digitais os álbuns “Tecnomacumba” e “Tecnomacumba a tempo e ao vivo”.
Mas, falávamos das transformações pelas quais o projeto passou no decorrer desses 15 anos… Outra delas é em relação à sonoridade. A banda Cavaleiros de Aruanda, que acompanha a artista desde a estreia do projeto, conta agora com os músicos Fred Ferreira (guitarras e vocais), Fabinho Ferreira (baixo e vocais) e Ronaldo Silva (bateria, programações e vocais).
A longevidade desse bem-sucedido projeto pode ser explicada a partir da junção de alguns fatores cruciais. O primeiro deles talvez seja a perseverança. Da artista, dos músicos e da equipe por ele responsável. Perseverança que ganhou da crítica a acolhida necessária para seguir adiante. E que encontrou no contato com o público a acolhida para ir além. Muitos são os espectadores que já perderam a conta das vezes que assistiram ao show. E entre os fãs do projeto estão grandes colegas da cena e de ofício. Gente como Maria Bethânia (que participou do CD ao vivo e do DVD), Alcione, Beth Carvalho, Ney Matogrosso, Leci Brandão, Sandra de Sá, Margareth Menezes e companheiros de geração como Daúde, Mart’nália, Marcos Suzano, Davi Moraes e, claro, Zeca Baleiro, coprodutor (ao lado de Mario Manga) do CD de estreia da artista, lançado em 1997.
Entre os colegas ilustres que reconhecem o talento da artista está o cantor e compositor Caetano Veloso. No texto escrito para o DVD do show, o baiano não só destaca as qualidades vocais da intérprete como confirma sua fama de visionário ao prenunciar: “Este disco tem um futuro intrigante e pode vir a dizer mais do que parece agora”. Caetano tinha (e tem) razão. O projeto não só disse como diz ainda. Muito sobre um país que não pode ser perdido, apagado. Ainda mais (e sobretudo) no Brasil de agora.
Serviço
Teatro Rival – Rua Álvaro Alvim, 33/37 – Centro/Cinelândia – Rio de Janeiro. Informações: (21) 2240-9796. Data: 13 de dezembro (Sexta-feira). Horário: 20h00. Abertura da casa: 18h30. Ingressos: PISTA R$ 80,00 (Inteira),R$ 40,00 (meia-entrada) |Mezanino A/B R$ 100,00 (Inteira), R$ 50,00 (Meia). Venda antecipada pela Eventim – http://bit.ly/TeatroRival_Ingressos2GIaEKp. Bilheteria: Terça a Sexta das 13h às 21h | Sábados e Feriados das 16h às 21h Censura: 18 anos. www.www.teatrorivalpetrobras.com.br. Informações: (21) 2240-9796. Capacidade: 350 pessoas. Metrô/VLT: Estação Cinelândia.
*Meia entrada: Estudante, Idosos, Professores da Rede Pública e Assinantes O Globo