16/05 ~ Eliziário da Conceição

16/05 ~ Eliziário da Conceição

Teatro Rival apresenta:

“Amor & Arte”, show de Eliziário da Conceição

Compositor faz sua estreia em CD aos 74 anos reunindo 12 dos seus mais belos sambas. O álbum tem produção e direção musicais de Rildo Hora.

Certas joias levam anos sendo maturadas. Até que chega o dia em que seu brilho fulgura. O mesmo vale para artistas. Na esfera literária, por exemplo, a poeta Cora Coralina lançou seu primeiro livro aos 76 anos. No âmbito da música, mais exatamente no do samba, muitos são os exemplos: Clementina de Jesus teve seu talento revelado aos 63 anos. Mais recentemente, Roque Ferreira estreou em disco no ano 2000. São muitos os talentos incontestes revelados quando suas verves artísticas já estavam amadurecidas. E o Brasil agora conhece um novo talento da terceira idade, ELIZÁRIO DA CONCEIÇÃO lança seu primeiro disco aos 74 anos. A obra reúne 12 de seus mais belos sambas e ganhou o título “Amor & Arte” (WCE). O álbum tem produção musical assinada pelo renomado maestro Rildo Hora e já está disponível nas plataformas digitais. O show será no Teatro Rival (Cinelândia), no dia 16 de maio, às 19h30.

“Amor & arte” tem sambas como “Vou partir” e “Não mereço perdão”, que mostram que Eliziário da Conceição pertence à mesma dinastia de nomes como Cartola e Nelson Cavaquinho. A mítica figura da sereia, tão cantada em sambas de outrora, volta toda faceira no delicioso “O canto da sereia”, mostrando que tem ali o DNA da “Sereia Guiomar”, de Dona Ivone Lara. A gratidão pelo Maranhão, que lhe deu Dona Socorro, amor de toda uma vida, inspirou os sambas “Morena faceira” e “O canto do sabiá”, ambos exacerbando em malemolência e balanço.

O repertório vem ganhando corpo desde que o então franzino Eliziário envolveu-se, em 1974, com a primeira das muitas escolas de samba e agremiações às quais contribuiria com seu talento. Da Mocidade Unida de Miguel Couto, em Nova Iguaçu, onde ganhou seu primeiro samba-enredo, muda-se com seus instrumentos de percussão (com os quais – e somente com eles – compõe) para o bloco Quem Quiser Pode Vir, que arrastava multidões na Pavuna. O boca-a-boca em torno dos seus sambas ganhou a cidade e levou-o a três importantes agremiações: Unidos da Ponte, Mangueira e, mais recentemente, Grande Rio.

Esse álbum (com) prova que a vocação de Eliziário da Conceição é o samba de raiz, incluídas aí variações como o samba de terreiro. Não só: ouvimos também ecos do jongo e do maxixe. É o caso do pungente “O negro na sociedade”, que reverbera o canto de Tia Ciata, perpetuado por Clementina e resgatado agora por seu Eliziário. Tudo isso fica ampliado pela lente do maestro Rildo, que “vestiu” cada uma das composições com classe e elegância merecidas.

Uma pergunta talvez paire no ar: por que um talento respaldado por diferentes agremiações levou tanto tempo para gravar? Eliziário da Conceição é como aquele personagem de Machado de Assis, cujo excesso de zelo era uma de suas principais marcas. Muitos foram os artistas que quiseram conhecer suas criações. Cauteloso (para não dizer modesto), achou que precisava aprimorar mais sua vocação como autor. E, como já dito, o tempo só lhe fez bem.

‘Seu’ Eliziário da Conceição guardou-se, como naquele samba do Chico, para quando o (seu) carnaval chegasse. Se, por um lado, o tempo só fez bem às suas canções, por outro, selecionar o que entraria nesse disco de estreia foi uma verdadeira “escolha de Sofia”. Produtor e artista queimaram a mufa para chegar aos 12 sambas – todos de grande labor melódico- poético – de “Amor e Arte”. Desde que se iniciou na composição, então com 13 anos, até os dias de hoje, seu Eliziário criou um repertório de mais de cem composições – a grande maioria só dele.

Eliziário da Conceição “chegou chegando”, como se diz por aí. Num tempo em que certas minúcias e delicadezas precisam ser resgatadas pela música (e pela arte como um todo). Chegou para ficar. No sapatinho (bicolor) e com o garbo e a sobriedade que os seus 74 anos lhe conferem. Abram alas!


Serviço

Teatro Rival – Rua Álvaro Alvim, 33/37 – Centro/Cinelândia – Rio de Janeiro. Data: 16 de maio (Quinta). Horário: 19h30. Abertura da casa: 18h. Ingressos: R$ 60,00 (Inteira), R$ 40,00 (Promoção para os 100 Primeiros Pagantes), R$ 30,00 (meia-entrada). Venda antecipada pela Eventim – http://bit.ly/IngressosRival2019_2GIaEKp Bilheteria: Terça a Sexta das 13h às 21h | Sábados e Feriados das 16h às 22h Censura: 18 anos. www.www.teatrorivalpetrobras.com.br. Informações: (21) 2240-9796. Capacidade: 350 pessoas. Metrô/VLT: Estação Cinelândia.

*Meia entrada: Estudantes, Idosos, Professores da Rede Pública e Assinantes O Globo.